domingo, 5 de outubro de 2008

Entrevistando ... pessoas.

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Quando fazemos entrevistas costumamos buscar identificar algumas atitudes e perfis das pessoas. Mas muitas vezes acabamos cometendo um erro bastante comum: guiar as entrevistas de forma padronizada.

Pessoas são ... pessoas! São diferentes umas das outras. Tem reações, sentimentos e desejos completamente diferentes.

Um exemplo bem típico disto eu vou citar durante as entrevistas que fizemos na sexta-feira.

Entrevistamos 8 pessoas durante o dia. Três delas estavam completamente nervosas! E isso é uma das coisas mais comuns e não costuma dizer nada sobre a pessoa. O que nós resolvemos fazer (estávamos em três, entrevistando os candidatos) foi tentar descontrair a entrevista para acalmá-los.

Falávamos de futebol, faculdade e demais assuntos corriqueiros. E isso soltava o candidato. Ajudou a gente a escolher inclusive um, que mudou bastante quando deixou de ficar nervoso.

Decidimos então que a última candidata (a única menina da seleção) iríamos começar a entrevista já descontraindo. O currículo dela dizia que ela falava fluentemente francês. O meu chefe fala também, então ele iria começar falando em francês com ela.

Dito e feito. Ambos bateram um papo em francês, e nós nos mostramos surpreendidos com a fluência dela. Sorrimos e brincamos, mas ela não pareceu muito confortável. Então o meu colega perguntou "Para qual time tu torces?" e ela respondeu, já meio impaciente: "Acho que isso não vai fazer nenhuma diferença aqui". O meu colega prontamente respondeu "Muito bem!" e aplaudimos ela.

A idéia era criar um ambiente mais tranquilo, com base na nossa experiência anterior com os outros candidatos que vieram até então. Só que com ela o tiro saiu pela culatra.

Ela comentou em seguida que aquela vaga era importante para ela. Pois ela era formada em direito e agora fazia Sistema de Informação... só que nas últimas três entrevistas que ela havia feito, o entrevistador havia sido extremamente infeliz. Um deles perguntou inclusive se "ela era especialista em Word". Ninguém a levava a sério, embora ela já estivesse empregada mas não queria permanecer como desenvolvedora.

Ou seja, para ela, aquela nossa abordagem "descontraída" era quase que uma nova ofensa!! Ela acho que estávamos menosprezando ela. Felizmente conduzimos bem a entrevista e no final ela até largou uma daquela pérolas que todos gostam de ouvir: "As outras pessoas do ambiente de trabalho são agradáveis como vocês?".

Veja como uma abordagem "pré-definida" que achávamos que seria excelente foi um desastre!

Enfim, entrevistar pessoas é um processo bastante complexo. Eu sigo a abordagem do "bate-papo" ao invés de usar perguntas padrões. Mas ainda sinto que tenho uma dificuldade grande: costumo simpatizar (ou não) com os candidatos durante a entrevista. E isso costuma afetar a decisão, algumas vezes. Fica aquela coisa de "ah, vamos dar uma chance"...

Mas jamais use perguntas padrões. Lembre-se que cada pessoa é diferente. Por mais óbvio que isso pareça, muitos costumam esquecer!

Abraços

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