quinta-feira, 5 de junho de 2008

Brasil x resto do mundo

Um assunto que costuma gerar situações inusitadas (que vão desde engraçadas até trágicas) geralmente está relacionado à diferença cultural entre dois povos. Hoje durante a aula conversei com alguns colegas a respeito e queria citar alguns aqui. Só por curiosidade e para pensarmos como é cada vez mais importante para nós que vivemos em um mundo globalizado e amanhã poderemos estar negociando com outras culturas.

+ Recentemente, troquei alguns emails com uma empresa indiana para tentar fazer uma parceria de outsourcing com eles. Lá pelas tantas, o CEO da empresa me falou: "Flavio, I will send you my picture with my son. Can you send yours?". Aquilo me soou TÃO estranho, que eu confesso que até hoje o indiano deve estar esperando a foto. Não sei ao certo o que isso tem a ver, mas ele mandou a foto dele com o filho... talvez seja um sinal de confiança. Não sei. Mas nós, brasileiros, dificilmente trocamos fotos entre homens!

+ Ainda sobre indianos, soube que certa vez uma executiva indiana esteve no Brasil. Ela gostava muito de fotografar. Lá pelas tantas, ela viu um prédio muito bonito em São Paulo e decidiu fotografar. Sua câmera não pegava todo o prédio, então ela decidiu ir andando pra trás... até chegar no meio da rua e morrer atropelada. Detalhe: na Índia, parar no meio da rua é algo que não costuma ser fatal.

+ Em uma convenção de executivos, um brasileiro e um português conversavam para trocar contatos. O brasileiro então falou: "Qual é o teu telefone?". E o português respondeu animado: "Nokia! E o seu?". O brasileiro então pensou... e deu uma gargalhada. O português fez cara de poucos amigos. Depois de algumas explicações, tudo ficou melhor. Mas o fato é que nós brasileiros temos a mania de querer que os nossos interlocutores ADIVINHEM o que queremos. "Qual é o teu telefone" é um diminuitivo para "Qual é o número do teu telefone". Os portugueses pensam de forma bem objetiva (e óbvia). Todo cuidado é pouco!

+ Certa vez li que um executivo estava em um hotel, em Portugal, e decidiu pedir uma pizza. Ele então pediu uma grande meia calabreza e meia muzzarela. O atendente falou que não havia pizza de muzzarela. "Como não?!?" gritou o brasileiro. Depois de muita briga, o brasileiro decidiu facilitar a vida do português: "Bem, amigo. Me dá então uma pizza inteira de calabreza, só que metade dela SEM calabreza". E o português respondeu: "Ok! Obrigado pela compreensão".

+ Quando você for para o Japão negociar com executivos japoneses, muito cuidado! Um executivo havia ido até lá para negociar com uma grande montadora, em uma viagem de cinco dias. Chegando lá, pretendia iniciar logo a reunião. Os japoneses quiseram fazer um tour pela cidade no primeiro dia. No segundo e terceiro dia, os japoneses mostraram todas as fábricas, passaram por todos setores de produção, mostraram os detalhes das suas empresas. No quarto dia, ofereceram um espetáculo cultural a ele. No quinto e último dia, no retorno para o aeroporto, o executivo japonês indagou o brasileiro: "Então, qual a sua proposta?". Resultado: o brasileiro, cansado e tonto com tanta coisa, acabou fazendo todas as vontades do japonês.

+ O povo alemão costuma ter origens fortes e são normalmente bastante resistente à mudanças. Em uma fábrica alimentícia no RS, um dos supervisores era alemão genuíno. Fazia todo o processo no olho, sabia exatamente a quantidade exata de cada porção. Ainda assim, de vez em quando falhava. A fábrica decidiu instalar uma máquina mais moderna, onde ele simplesmente entraria com o valor da quantidade e só precisava monitorar de tempos em tempos, se tudo estava ok. Para a surpresa da diretoria, descobriram que o alemão continuou fazendo tudo no olhômetro, dizendo que a máquina não era precisa e fazia tudo errado. A fábrica decidiu ouvir o alemão.

+ Um dos cases mais estudados no mundo é a volta por cima da Nissan, empresa japonesa comprada pela Renault, que estava indo para o buraco. Mas graças a um brasileiro, a empresa em 3 anos voltou a ser referência mundial. Uma das primeiras grandes medidas desse brasileiro foi acabar com um dos maiores paradigmas culturais do Japão: o conceito de que todos trabalham na mesma empresa por toda a vida. Para reduzir custos, foi preciso demitir milhares de japoneses e implantar uma mudança de conceito, onde a promoção não ocorreria mais por tempo de cargo, mas sim por resultados. O brasileiro (chamado Carlos Ghosn) enfrentou uma cultura milenar e, após ser visto com desconfiança (e até ódio) por parte dos japoneses, virou uma celebridade na terra do sol nascente.

+ Por fim, uma que não é sobre o mundo coorporativo, mas fala muito sobre a essência e sobre a cultura japonesa. O jogador e atual técnico da seleção Dunga, um dos primeiros brasileiros a ir jogar no incipiente futebol japonês, contou que certa vez o seu time se preparava para fazer a barreira em uma cobrança de falta do time adversário. O juiz marcou a posição da barreira e apitou a cobrança. O Dunga então começou a mandar todos da barreira avançarem, para dificultar a cobrança. E ouviu dos japoneses do próprio time: "Não! Não pode! Não pode!".

Causos de diferenças culturais existem aos montes. E isso mostra como é importante saber pelo menos um pouco em que território estamos pisando.

E você, caro leitor, conhece uma história divertida que envolve diferenças culturais? Conte para nós!

Um abraço

2 comentários:

Anônimo disse...

Certa vez estava recebendo um inglês e um mexicano radicado americano. Paramos numa churrascaria em Campinas. Depois de trazerem a picanha pela terceira vez, o mex-americano pergunta: "Eles sempre trazem a mesma comida?". Nessa mesma viagem, o mex-americano inventa de ir de São Paulo capital para Campinas usando um carro alugado e um GPS. Eu, um catarinense que só conhecia a capital não fui de muita ajuda nem o inglês quando o GPS simplesmente apagou na Dom Pedro. Ainda bem que é uma estrada reta. Engraçado é que esse mex-americano contava piadas sobre argentinos que se achavam demais.

Anônimo disse...

Se você tem algum amigo esquimó [sim! esquimó] e resolve fazer uma visita a ele, com direito a pernoitar na casa do sujeito, é de bom grado que você durma com a esposa do seu amigo. Caso contrário, você será um grande ingrato. Coisas da vida, né!?