terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Empresas vs. Pessoas (2)

Este blog não é mais atualizado. Veja o novo blog em: www.agileway.com.br

O post rendeu dois comentários bem interessantes (vocês podem acessá-los para ler).

Antes de mais nada, quem acompanha o meu blog sabe o quanto eu tenho de preocupação com a questão PESSOAS. Eu trabalho no nível tático, então tenho que agradar aos funcionários e à diretoria, e ao mesmo tempo lutar para eu mesmo estar motivado para realizar isso. Não sou, nem nunca serei, um extremista ou mesmo adepto de técnicas que visem controlar ou manipular pessoas nas empresas.

Sou daqueles que pensa que um funcionário desmotivado é uma das piores coisas que uma empresa pode ter. Se você duvida, veja meus posts anteriores e veja se estou mentindo :) Aliás a própria idéia do blog, de mudar a pequena empresa onde trabalho, visou exatamente mudar o tripé: pessoas, processos e conhecimento. E é isso que você encontrará neste blog, sempre!

Voltando aos comentários:

O Francisco publicou o comentário sobre o assunto no seu blog. Ele concordou comigo na maior parte da minha visão, inclusive indo mais a fundo no conceito. Inclusive fala de um conceito bem-humorado e interessante para mensurar se a sua empresa está no caminho certo ou não. É o chamado "Truck number", ou seja, quantos funcionários da sua empresa precisariam ser atingidos por um caminhão para que a empresa afundasse. Se o número for pequeno, a empresa tem sérios problemas.

Essa questão de conhecimento x funcionários é crítica para algumas empresas. Que tal a Coca-cola? Quantas pessoas vocês acham que conhecem a fórmula da bebida? São poucas, duvido que passem de dez! Dez pessoas, para quantas milhares de pessoas que trabalham na empresa? Agora imagine se essas dez pessoas estivessem naquele vôo da TAM, que caiu em Congonhas? Qual seria o impacto para a empresa? Por isso é comum que algumas empresas obriguem seus executivos a viajarem em vôos separados.

Se isso é crítico para grandes empresas, o que dizer para micro e pequenas empresas?!? É este o ponto que eu defendo no meu artigo anterior.

E talvez seja esta a confusão que o Ronan não tenha entendido quando fez o seu comentário. Aliás, um excelente comentário.

Ele levanta questões da administração atual que foca como principal ativo das empresas, as pessoas. Levanta conceitos sobre motivação, retenção de talentos, rotatividade, etc.

Eu concordo com a grande maioria do que ele disse. E reafirmo: eu penso como ele pensa. A grande questão é, novamente, que este artigo visa apresentar a relação entre MICRO e PEQUENAS empresas com seus funcionários. E neste cenário, a coisa muda bastante de figura!

Pesquisas apontam que as micro e pequenas empresas correspondem a mais de 90% do mercado mundial! Tendo isso em vista, podemos imaginar que a grande maioria das pessoas atua em micro e pequenas empresas.

Transferindo este cenário para o contexto brasileiro, a coisa fica mais preta ainda. Agora falamos sobre burocracia. Uma micro e pequena empresa precisa de mais de três meses para conseguir funcionar legalmente. Após isso, precisa lutar contra a falta de incentivos do governo (quem vive com tecnologia sabe da dificuldade em ter equipamentos de ponta, já que a "pequena taxa" de importação gira em torno de 60%). Afora isso, temos os impostos e encargos trabalhistas. Pesquisas comprovam que empresas simplesmente torram de 4 a 5 meses de sua receita com impostos e encargos. Resta às pequenas e micro empresas investirem em estagiários.

Mudamos para outro contexto, o da tecnologia. Afora o problema dos equipamentos, já citados acima, temos ainda a questão da mudança constante que o mercado possui. Novidades surgem diariamente. O seu celular de hoje, por exemplo, estará saindo de linha daqui um mês. As pequenas e micro empresas vivem, então, num mundo conturbado... se elas param para respirar, as outras empresas passam por cima. O tempo é escasso, as dificuldades são enormes.

A coisa tá ruim? Pode piorar!

Como a grande maioria das empresas vivem de estagiários, temos uma questão bem interessante. A grande maioria dos estagiários vêem as pequenas empresas como "trampolins" para suas carreiras. Normalmente os estagiários possuem a faixa de idade de 18-22 anos. São jovens, muitos ainda sem noção exata de compromisso e responsabilidade (ainda bem que existem exceções, como eu mesmo já convivo com alguns!).

São jovens brilhantes, na maioria. Mas que tendem a não "se acomodar" em ficar em apenas uma empresa. Eles sempre querem novos desafios, novas realidades, novos projetos. Então eu pergunto: como a pequena e micro empresa deve agir para conter essa inquietação destes funcionários?

A sobremesa, desse legítimo banquete indigesto, pode ser a própria faculdade/universidade. Quem aqui se formou em exatas, como tecnologia e engenharia? Agora pense um pouco no seu período de faculdade e me responda: quantas aulas você teve sobre comunicação? Quantas vezes (fora o seu trabalho de conclusão do curso) você foi incentivado a escrever ou estruturar seus trabalhos e pensamentos?

E a cereja da sobremesa: você seria capaz de descrever tecnicamente como funcionava o projeto em que você atuou há dois anos atrás?

Obviamente não. Não sem ter alguma referência para consultar. Mas isso é importante pra você? Possivelmente não. Mas e para aquela pequena empresa, onde você atuou, isso não é importante? Afinal, ela vive apenas deste projeto!

Não sei se consegui agora contextualizar bem o cenário. Mas acho que consegui passar para você, caro leitor, como uma pequena e micro empresa precisa lutar contra tudo e contra todos para sobreviver no mercado.

Estima-se que mais da metade das pequenas empresas morrem após 7 anos no mercado. Será que é por funcionários desmotivados ou por falta de conhecimento? Está aí um bom assunto para um trabalho de conclusão :)

Um abraço a todos

Um comentário:

Anônimo disse...

Flavio,

parabens pelo seu post, ta bem legal!

Em relacao ao que tu falaste, eu concordo com quase tudo, mas so acho que a pequena (e micro) empresa tem sim valor para o empregado.

É claro que muitas vezes as condicoes oferecidas pela grande empresa sao melhores ($$), mas como eu falei no meu post, acho que isso nao eh o mais importante em relacao à visao que o funcionario tem da empresa.
E a empresa pequena pode oferecer beneficios que a grande muitas vezes nao tem, como uma grande integracao entre as pessoas, um aprendizado maior para o funcionario e a possibilidade de crescimento junto da empresa, que dai sim pode dar resultados financeiros melhores para o empregado do que a grande empresa.

Era isso!
Um abraco,
Francisco

http://franktrindade.wordpress.com