sexta-feira, 28 de março de 2008

Funcionários e soldados cidadãos...



Sou um grande fã de filmes de guerra, principalmente os que tratam da 2a guerra. Não que eu ache o combate em si algo lindo e maravilhoso e muito menos simpatize com a agressão entre pessoas. Eu gosto simplesmente por achar fascinantes todas as varíaveis que envolveram aquele período e principalmente por ser uma das únicas guerras onde sabíamos e lutávamos contra algo ruim (nazi-fascismo)... mas isso não vem ao caso, pois quero falar sobre outro assunto relacionado.

Estava assistindo tempos atrás a fabulosa minissérie "Band of Brothers" que é uma obra obrigatória sobre o tema. Conta a história de uma companhia de paraquedistas americana que perdeu mais de 150% do seu efetivo durante o combate e foi responsável por grandes feitos. São 10 episódios a série.

O primeiro trata sobre a formação da companhia... o treinamento nos EUA e na Inglaterra, antes do dia D. Ali começamos a ver a criação da união e cumplicidade entre os soldados da companhia. Eles tinham como superior um cara típico do exército americano: linha dura e exigente ao extremo. Certa vez deu um dia de folga com macarronada para a equipe... para logo em seguida do almoço, forçá-los a subir o morro que ficava ao lado do campo, correndo. O responsável pela companhia era aquele líder servidor, que fazia tudo para a equipe ficar com a moral alta.

Aliás, fazendo um parênteses. No livro "Como se tornar um líder servidor" o James Hunter fala que é praxe no exército americano eles treinarem com um sargento linha dura e depois terem um líder servidor no campo de batalha. Eles criam a união e depois só a mantém.

Os episódios seguintes seguem para as batalhas do dia D, Carentan, Market Garden, A batalha do Bulge (uma das piores) até o ataque ao ninho da Águia, onde a companhia foi a primeira a chegar ao vilarejo onde os nazistas da SS moravam.

Durante a operação Market Garden, na Holanda, a companhia recebe reforços (substitutos) para repôr as perdas. No primeiro momento, todos da companhia hostilizam os novatos, fazendo o possível para deixá-los excluidos. No campo de batalha, porém, uns ajudam o outro.



Durante uma incursão de reconhecimento, isso em outro episódio, o líder servidor (agora já promovido devido aos feitos) se depara com uma força alemã. Ele e mais 10 soldados (talvez um pouco mais, não lembro ao certo) atacam essa força e dizimam todos. Resolvem então investir contra os outros que estavam na retaguarda. Num ato insano (ou talvez heróico) o líder sai na frente dos seus soldados e vai sozinho até o local... se deparando não com uma força pequena alemã, mas sim com um batalhão inteiro da SS (o exército mais bem equipado nazista). Segundo as palavras dele, ele simplesmente se deitou e começou a atirar. Logo seus companheiros chegaram e fizeram o mesmo. Resultado: a pequena equipe de reconhecimento matou e prendeu quase uma centena de soldados da SS. Esse foi o maior feito do líder, que foi reconhecido pelo exército e fez sua credibilidade subir ao máximo.

A batalha do Bulge, em Bastogne, é uma das mais fortes que a companhia passou. No inverno terrível com neve forte, eles enfrentaram uma ofensiva alemã na Bélgica sem estarem com munição e roupas apropriadas, tudo isso numa floresta de pinheiros. Além disso, quase sempre a visibilidade era de alguns metros, o que levou a diversos acidentes por fogo amigo. Pra completar o calvários das semanas que passaram ali, quase que 4 ou 5 vezes ao dia eles recebiam fogo dos temidos Flak 88 alemães. Os Flak 88 eram canhões de 88mm que foram usados pela Alemanha durante toda a guerra, sendo uma das armas mais temidas pelos aliados. A cereja do bolo, é que o líder servidor deles havia sido efetivado para um cargo mais abrangente aos paraquedistas, sendo responsável por TODAS companhias. E para o seu lugar, colocaram um lider completamente pateta e sem nenhuma experiência. Num dos episódios isso se torna desastroso para alguns.

Numa situação assim, vemos como a companhia conseguiu sobreviver. Os laços de amizade, companheirismo e cumplicidade chegam ao extremo nessa situação. Um dos principais soldados da companhia entra em choque ao ver dois de seus melhores amigos perderem a perna (cada um) em um bombardeio das Flak 88.

Ufa, não vou contar o resto do filme. Vejam por si próprios. Vou passar direto para o episódio final, que é onde quero realmente chegar, agora que vocês já entenderam que o exército aliado cumpria à risca a questão EQUIPE.

O episódio final trata de todo o exército dos para-quedistas em período de descanso naquele vilarejo da SS. Eles aguardavam para saberem se a guerra terminaria ou então se eles seriam transferidos para a guerra no Pacífico, contra o Japão (nesse período o Hitler já tinha se matado e a Alemanha já havia se rendido).

Nesse período os paraquedistas sofrem quase tantas baixas quanto na guerra. Motivo? Simplesmente o "nada para fazer". Eles bebem, brigam entre si, cometem acidentes de carro, se envolvem em confusões e até se matam. Nesse momento a gente se pergunta, como que aqueles soldados que lutaram juntos e foram tão companheiros podem ser capazes de cometer isso?

Você, caro leitor, deve estar se perguntando o que isso tudo tem a ver com o meu blog. E eu digo que tem TUDO a ver. Substitua a palavra "exército" por "empresa" e veja se a maioria dessas situações não poderia ser descrita numa empresa.

Notem como a questão "trabalho em equipe" é importantíssima para que os soldados (aliados ou do eixo) chegassem aos seus objetivos. Notem como o líder servidor refletia e guiava sua companhia para a excelência. Notem como a substituição dele por um líder fraquíssimo resultou em quase um desastre completo. E por fim, notem como essas mesmas equipes, quando desmotivadas e "sem nada para fazer" cometeram erros que jamais cometeriam quando estivessem ocupadas.

Eu sugiro, assistam esta minissérie. Vejam duas vezes: uma para vivenciar o mundo da 2a guerra e outra para notar esses pontos sobre liderança, equipes, motivação, etc. É uma lição dupla!

Um abraço!

2 comentários:

Anônimo disse...

Flávio,
Também já assisti à série e gostei demais! Dá pra tirar 1000 lições. Você extraiu muito bem o cerne da questão. Tem vários filmes sobre esse "espírito de equipe", e acho que criar isso deve ser a missão do líder.Tô com um post no forno sobre isso também! ;)
Willi

Anônimo disse...

Olá, Flávio. Vi parte da série, mas ao contrário de você, não gosto (mais) de filmes de guerra... sou da época do seriado Combate na TV, e minha geração deve ter assistido a toda ela e a mais um monte, incluindo os filmes sobre a guerra do Vietname.
Bom, mas há outros filmes muito bons que são um exemplo magnifico de liderança e cooperação, que recomendo a meus alunos. Por exemplo, Duelo de Titãs (Remember the titans), com o Denzel Washington. Tem de tudo: liderança, espirito de equipe, cooperação, crescimento, etc. Outro exemplo é A fuga das galinhas, que passa como filme de desenho animado, mas que é também uma enorme lição de organização, colaboração, liderança emergente, etc. Abraço, zeluis (seu blog está fazendo sucesso por aqui)