sábado, 31 de maio de 2008

Aprendiz 5 ou Apprentice 6?



Semana passada encerrou no canal People'n'Arts o programa The Apprentice LA, a sexta versão do "Aprendiz" com o Donald Trump. O programa que foi idealizado para o próprio, trouxe candidatos com vasta experiência (inclusive uma bi campeã Olímpica a qual o Trump se derretia sempre que podia) e algumas modificações: na sexta edição, a equipe que perdia uma prova dormia em barracas no pátio de uma mansão. E a equipe vencedora, ficava dentro da mansão. Também, o líder vencedor ficava como líder na próxima tarefa. Foi uma edição inferior em alguns conceitos, em relação à temporada 5, mas que trouxe muitas coisas legais.

Já o Aprendiz 5 - O sócio, traz novamente o Roberto Justus buscando por um sócio. Uma das modificações interessantes aplicadas nessa edição foi a possibilidade da equipe vencedora acompanhar a sala de reuniões. Dessa forma, o Justus garantia que TODOS saberiam o que era esperado por ele.

Criei este post para comparar essas duas edições. Apenas por diversão, mas também para discutir alguns assuntos interessantes sobre gerenciamento e negócios em culturas diferentes (EUA e Brasil).

O PROGRAMA
Falando especificamente do programa, posso dizer sem medo que a edição americana é muito melhor. Seja na edição, seja na proposta. A idéia de ter um "sócio" já é um tanto forçada. É difícil para mim, pelo menos, aceitar que realmente o vencedor do programa será um sócio do Justus... você, caro leitor, escolheria um sócio baseado em um programa de televisão onde se sabe que um tenta passar a perna no outro?! Seria o mesmo que propôr sociedade ao Rafinha, do BBB. O Donald Trump SEMPRE buscou um aprendiz, alguem que iria conduzir uma grande obra dele (geralmente uma construção).

Ainda sobre o programa, em geral, ambas as edições forçam demais em mostrar os prêmios das equipes vencedoras. Ora, quem assiste o programa quer tirar lições sobre os acontecidos, quer se colocar no lugar daquelas pessoas e se imaginar: "o que eu faria?". Então pra mim é extremamente entediante assistir a equipe vencedora com seu prêmio (seja uma viagem para Las Vegas, seja um simples jantar em um restaurante rico). O foco, no meu ver, deveria ser tanto na prova (bastante) como na sala de reunião (onde as lições aprendidas são discutidas).

Por fim, algo que me incomoda MUITO é a chamada do programa. A chamada do programa do Aprendiz americano nós não sabemos ao certo dizer, pois ela é criada pela People'n'Arts (a edição seis, que passou recentemente, foi realizada no ano passado!). Mas quando eu ouvi o Roberto Justus anunciar com tom de suspense "Quem será que eu vou demitir hoje?", me soou novamente falso e até mesmo desrespeitoso. Como se o programa não fosse para ver quem será o sócio dele, mas sim quem será esculachado e demitido.

Ponto para o Trump.

MERCHANDISING
Esse é um dos maiores problemas da edição brasileira: o merchandising descarado. Ocorreram alguns episódios em que o Justus chegou a convidar os participantes para "pegar leve, pois pegar leve é com a Nova Schin". Isso é algo que soa tão falso, mas tão falso, que é impossível não ter uma das duas reações: ou rir ou torcer o nariz. A edição americana também faz algum merchandising, mas na edição 6 nada incomodou. São referências do tipo: "Hoje vocês trabalharão na empresa XYZ, uma das maiores e mais completas dos EUA com mais de 100 filiais e bla bla bla". Ora, é um programa de negócios, então aparecer alguma empresa dessa forma não soa falso. Agora eles pararem uma tarefa para "pegar leve"? Foi terrível!

Ponto para o Trump.

TAREFAS
Aqui há um equilíbrio. Ambas edições tiveram tarefas interessantes e tarefas chatas. Enquanto, porém, a edição americana trata as tarefas de forma BEM objetiva, ou seja, "vence quem vender mais ingressos para o evento", as brasileiras costumam trazer algumas coisas escondidas. Na tarefa do primeiro episódio, foi dito claramente que a equipe teria que vender patos. Mas o que as equipes não se deram conta foi de que além da venda em si, eles teriam que organizar um evento em uma cidade. O objetivo, então, não é tão claro. Acho que isso é interessante e ruim também: interessante pois força as equipes a pensar e serem criativos. Ruim, pois deixa margem para "mal-entendidos", como foi o que aconteceu até agora.

A edição brasileira seria a vencedora, MAS a tarefa em que o Justus colocou eles em um programa de perguntas e respostas, foi constrangedora. A "desculpa" de que o Justus queria alguém com bons conhecimentos gerais não justifica a prova (que novamente foi um merchandising descarado para a Sky). Um dos temas era ESPORTE. Outro era CINEMA. Ora, quem vai escolher um sócio só porque ele sabe quem é a atriz tal ou sabe quem venceu tal Olimpiada? Foi constrangedor também a sala de reuniões desse episódio. Serviu apenas para o Justus desmoralizar a maioria dos candidatos. Essa prova foi tão forçada, destoou tanto das demais, que eu vou ter que dar um empate.

Empate técnico.

EQUIPES/PARTICIPANTES
Nossa. Aqui a edição americana dá de relho. Eu diria que os aprendizes do Justus (os vencedores) iriam penar para irem para a final da edição americana, do Trump. É impressionante o despreparo dos candidatos brasileiros. Eles cometem erros tão básicos, que faz a gente duvidar realmente se eles estão lá por capacidade ou por indicação amiga. A coisa seria de relho mesmo, se fossem comparadas outras edições, pois na edição brasileira já apareceu candidato que "demitiu" o Justus (procurem no Youtube), já apareceu candidatos que na frente das cameras tentou subornar os fiscais! A edição americana não ficou atrás. O primeiro a ser eliminado, nessa temporada, foi eliminado por "ser arrogante". E era demais. Outro falou durante a reunião que era "escória... pau para toda obra", o que irritou o Trump e o demitiu na hora.

Porém, como a comparação é só entre a edição 5 BR e a 6 US, a diferença fica mínima para a edição americana. O candidato mais forte brasileiro, na minha opinião, é também o mais controverso (falo do Henrique). O cara se mostra muito entendido, mas sua personalidade é tão forte que a gente não consegue gostar dele. Já a edição americana teve um dos grupos mais fracos de candidatos. A vencedora (Stefani) era uma executiva que eu contrataria para ser minha chefe, tamanha a desenvoltura e capacidade.

Sendo assim, eu diria que o Trump novamente tem uma leve vantagem.

Ponto para o Trump.

CONSELHEIROS
Acho a coisa parelha aqui. O Justus costuma usar o seu velho amigo Walter Longo. É um conselheiro com posições fortes e corretas. As vezes costuma utilizar, durante as provas, donos das empresas que os participantes fazem a tarefa, ou algum consultor do Sebrae. Já o Trump, além dos donos das empresas, usa seus ex-aprendizes e também seus filhos, Trump Jr. e a ma-ra-vi-lho-sa Ivanka. Se eu fosse injusto, diria que o Trump vence por causa da Ivanka. Além de linda e estonteante, ela é inteligente e muito competente. Fala com a desenvoltura da sucessora do Trump. Mas...

Empate técnico.

OS CHEFÕES
Li o livro do Roberto Justus, "construindo uma vida". Achei muito bom e acho que realmente a vida dele foi sensacional. Não conheço a história do Trump, mas o império que ele construiu (pelo menos 5x maior que o do Justus) não deve ter sido por herança.

No programa, eu não tenho como mentir. O Donald Trump é 100000x melhor do que o Justus, como "chefe" do programa. Ele passa mais confiança, imponência. Ora, até hoje não vi ninguém "demitir" o Trump. O Trump também costuma pressionar, mas nunca vi ele faltar com o respeito com os candidatos. Houve uma tarefa em que ele demitiu a sua "favorita" (Heidi) em que ele achou terrível a tarefa dela. Mas foi enfático dizendo que não havia gostado do trabalho, sem porém esculachar o que ela fez (ela travou na apresentação de forma constrangedora).

O Justus, ao contrário, é muito apresentador. Toda edição ele tem que falar com o público em casa. "Quem eu vou demitir hoje? Quem será que vai me impressionar?". Isso cansa e soa falso. Ele também não transmite a imponência necessária. E, para mim, essa falta de imponência faz com que ele pressione os candidatos de forma desrespeitosa, na maioria das vezes. Já debochou das equipes, quando fizeram um mau trabalho, por exemplo. Enfim, aqui o resultado é óbvio.

Ponto para o Trump.

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CONCLUSÃO
A edição americana é muito melhor. Quando deixa a desejar, iguala na edição brasileira. Não que eu seja daqueles que acha que "tudo que vem de fora é melhor". É que, geralmente (e infelizmente) elas realmente são.

Então.....

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